Rio ganha novo serviço especializado no atendimento à pacientes autistas

A prevalência de diagnósticos de Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) impulsiona o debate sobre acessibilidade e importância das terapias especializadas e do suporte às famílias atípicas

No Brasil, é crescente o debate em torno do Transtorno do Espectro do Autismo (TEA). Dados do Censo Demográfico 2022 informam que mais de 2 milhões de brasileiros declararam ter recebido o diagnóstico de Transtorno do Espectro do Autismo (TEA): 2,4 milhões de pessoas foram avaliadas como pertencentes ao TEA, o que representa 1,2% da população com 2 anos ou mais, com maior concentração entre crianças de 5 a 9 anos (2,6% ou 1 em cada 38).

Outro relatório, dessa vez do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos, publicado em abril de 2025, aponta que 1 em cada 31 crianças de 8 anos nos EUA está no espectro do autismo, a maior prevalência registrada pelo CDC, superando a taxa anterior de 1 em cada 36 crianças, que corresponde a mais de 3% da população estudada.

Esse aumento alimenta a impressão de que o transtorno estaria se tornando mais comum, mas é preciso analisar esse quadro com cautela, pois trata-se de um aumento na prevalência (número total de casos existentes), e não na incidência (número de novos casos). Os dados sugerem que isso pode estar mais relacionado com mudanças importantes tanto no conhecimento sobre o TEA quanto na estrutura de saúde e educação do Brasil do que a um fenômeno de hiperdiagnóstico.

Pensando no suporte e no acesso às terapias para pessoas neuroatípicas, a Dasa inaugurou uma clínica especializada no atendimento infantojuvenil para o Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) e suas famílias no Bronstein, no Méier, zona norte do Rio de Janeiro.

O espaço – com ambiente para sessões comportamentais, motoras e sensoriais – é focado na atenção integral e realiza terapias baseadas em evidências, como Análise do Comportamento Aplicada (ABA), Integração Sensorial e Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), entre outras.

“Na clínica, a família tem acesso a uma jornada completa de cuidados, que inclui acolhimento e avaliação médica e multiprofissional, com a presença de psiquiatras da infância e adolescência ou neuropediatras, além de atendimento multiprofissional em sete especialidades (psicologia, fonoaudiologia, fisioterapia, terapia ocupacional, psicopedagogia, psicomotricidade e nutrição), tudo isso em um único local. Todos os profissionais atuam em conjunto, com reuniões clínicas periódicas, promovendo um cuidado verdadeiramente integrado,” comenta Fabiane Minozzo, gerente de práticas assistenciais da Dasa.

Intervenção precoce garante melhor qualidade de vida

Durante a permanência na clínica, cada criança ou adolescente recebe atenção personalizada de uma equipe multidisciplinar. Essa equipe atua de forma integrada para desenvolver planos terapêuticos singularizados, conforme as necessidades de cada paciente, que é reavaliado a cada seis meses para acompanhar o progresso e analisar os desfechos do tratamento.

“Quanto mais cedo a criança iniciar a abordagem com terapias dirigidas, maiores são as chances de ela desenvolver habilidades de comunicação, interação social e comportamento adaptativo, ganhando cada vez mais autonomia. Esse é o principal benefício de uma intervenção precoce com um trabalho multidisciplinar”, afirma o neuropediatra Tarcizio Brito.

A cada seis meses, a equipe reavalia cada caso, identifica o progresso e a possibilidade de evoluir o protocolo traçado inicialmente, ajusta o tipo de atendimento ou até mesmo oferece alta das terapias intensivas, direcionando o paciente para o tratamento pertinente, pelo paciente ter conquistado mais qualidade de vida e maior autonomia.

Como comenta Brito: “A importância do tratamento multidisciplinar no diagnóstico e nas intervenções do TEA é essencial para essa visão holística da criança e para atuação de acordo com os níveis de suporte de que cada uma precisa. Com o apoio de diferentes profissionais, fazemos uma organização do plano terapêutico individual por níveis de necessidade, propomos sessões de terapias semanais e consultas médicas periódicas, articulando também todos os ambientes em que a criança ou o adolescente convive”, afirma.

Pacientes terão acesso a suporte familiar e escolar: tratamento para além da clínica

Para Fabiane Minozzo, o progresso terapêutico e o desenvolvimento de habilidades comportamentais, de comunicação e de interação social do paciente com TEA dependem da integração de todos os ambientes de convívio nos quais ele está inserido – clínica, família, rede de apoio e escola.

“É fundamental oferecer aos pais, responsáveis e cuidadores um espaço de apoio para compartilhar experiências e receber orientações qualificadas. A nossa ideia é ser um porto seguro para essa família, ofertar suporte e acolhimento”, reforça Fabiane.

Por isso, o programa inclui orientações e treino para pais e responsáveis. Tais orientações visam auxiliar as famílias na lida com os desafios cotidianos e o desenvolvimento de habilidades de seus filhos, aumentando o engajamento e os resultados do tratamento. E os treinos auxiliam os pais na elaboração de atividades na rotina diária, fortalecendo, assim, a rede de apoio e contribuindo para a melhoria da qualidade de vida de todos os envolvidos.
O ambiente escolar também é conectado ao tratamento na clínica. A gerente explica que, com autorização das famílias, a equipe dialoga com professores e coordenadores pedagógicos e busca a integração da clínica com a escola, colocando o paciente no centro do cuidado.

“O maior desejo das famílias que procuram atendimento para crianças e adolescentes com TEA é encontrar uma equipe de confiança, que acolha com sensibilidade e ofereça diferentes modalidades de terapia em um único espaço. Poder contar com um local que integra o cuidado clínico, o suporte à família e à escola – com terapias baseadas em evidências – acaba se tornando uma rede de apoio essencial para pais e responsáveis”, comenta Fabiane Minozzo.

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