CAMINHO ANCESTRAL REAFIRMA A FORÇA E A IDENTIDADE DO ARTESANATO BAIANO

Iniciativa conecta tradições, territórios e saberes artesanais do Recôncavo e do interior baiano, fortalecendo identidades e impulsionando a economia criativa no FENABA.

O Caminho Ancestral será um dos eixos centrais do 2º Festival Nacional de Artesanato na Bahia (FENABA), que acontece de 9 a 12 de outubro de 2025, na Casa de Apostas Arena Fonte Nova, em Salvador. Mais do que um espaço expositivo, o Caminho nasce como uma geografia simbólica de reencontro, onde o fazer manual se reconhece como herança, resistência e caminho para o futuro.
Pensado como área destacada dentro do layout do festival, o Caminho Ancestral visa valorizar e dar visibilidade à produção artesanal dos Povos e Comunidades Tradicionais da Bahia, um estado cuja potência cultural e espiritual dos artesãos se ancoram na diversidade de suas matrizes. Indígenas, quilombolas, ciganos, povos de terreiro, marisqueiras, pescadores e comunidades de fundo de pasto tecem, com suas mãos e memórias, um território plural que faz do cotidiano um gesto de arte e permanência.

Em um país onde a ancestralidade muitas vezes foi silenciada, o Caminho Ancestral se afirma como ação reparatória e política de memória, contribuindo para a geração de trabalho e renda, mas também para a reconstrução de dignidades e pertencimentos. Ele é espaço de visibilidade, mas também de devolução: um reconhecimento público da sabedoria manual, da espiritualidade e dos modos de vida que estruturam a identidade baiana.
Para Weslen Moreira, Coordenador da CFA (Coordenação de Fomento ao Artesanato), o Caminho Ancestral representa “um ambiente que mostra para o mundo que a nossa caminhada não começou hoje, é uma caminhada ancestral, lastreada na força do artesanato quilombola, indígena e das comunidades tradicionais. Ter essa construção simbólica na entrada da FENABA fala do respeito que temos por esse conjunto de valores e da necessidade de perpetuar e conservar esses saberes, gerando também qualificação e renda para quem os mantém vivos.”.
Essa iniciativa integra um processo mais amplo de fortalecimento do artesanato identitário no estado. Segundo Moreira, a Iaoonirê, instituição vencedora de edital voltado à comercialização e qualificação do artesanato de povos e comunidades tradicionais, atua como parceira estratégica nesse percurso, que deságua em lojas permanentes e temporárias para comercialização direta, ampliando o acesso do público e a autonomia financeira dos artesãos.

Segundo o Secretário da SETRE (Secretaria do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte), Augusto Vasconcelos, o Caminho Ancestral reafirma o compromisso do Estado da Bahia com a valorização das tradições e dos saberes que moldam a identidade do povo baiano. “O artesanato está conectado à história de resistência do nosso povo e reforça nossa identidade cultural. Iniciar o FENABA com o espaço ancestral é um gesto simbólico e político, que nos remete às raízes da nossa arte e reconhece o artesanato como um território de memória, saber e reparação cultural”, destaca Vasconcelos.
Consolidando-se como um ponto de encontro entre passado e presente, o Corredor Ancestral revela que o artesanato tradicional não é apenas memória, mas prática viva e pulsante. Sua força reside na capacidade de gerar orgulho cultural, fortalecimento comunitário e novas economias simbólicas, transformando o fazer ancestral em uma política de futuro. Mais do que um setor do festival, o Corredor Ancestral é o pulso espiritual do FENABA, um espaço onde o barro, o trançado, o pigmento e a madeira voltam a falar das mãos que os moldaram e das histórias que o tempo, em sua sabedoria, insiste em manter vivas.

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