Manifestantes protestam contra a abertura de capital da CEDAE em frente ao Palácio Guanabara

Comissão de trabalhadores será recebida pelo secretário da Casa Civil na semana que vem

Movimentos sociais, sindicatos e organizações populares realizaram, na manhã desta quinta-feira (09), um ato em frente ao Palácio Guanabara, sede do Governo do Estado do Rio de Janeiro, para protestar contra o processo de abertura de capital da CEDAE. A manifestação teve início no Largo do Machado, com caminhada até a sede do Executivo estadual.

Entre as principais pautas, os manifestantes denunciam que a abertura de capital representa uma forma indireta de privatização, ao transferir decisões estratégicas da empresa para acionistas privados.

Participaram do movimento político sindicatos e movimentos de trabalhadores da companhia, que estão em greve durante todo o dia, além de lideranças políticas, sociais, acadêmicas e movimentos populares.

Após o protesto, o grupo articulou uma reunião com o secretário de Estado de Casa Civil, Nicola Miccione, anunciada para a próxima segunda-feira pelo presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Saneamento e Meio Ambiente do Estado do Rio de Janeiro (Sintsama-RJ), Victor Duque.

“Vamos levar pra eles tudo que está acontecendo com a Cedae, principalmente em relação ao serviço prestado para a população em relação às empresas privadas que assumiram parte do serviço no último leilão, que estão sofrendo com a falta d’água e com as tarifas altas. A questão da abertura também é central pelo perigo de passar o controle de decisões estratégicas para o capital privado, que vai mudar toda a lógica de atuação da empresa”, disse Duque.

Dentre os políticos presentes estiveram o deputado federal Glauber Braga e os deputados estaduais Dani Balbi, Professor Josemar, Flávio Serafini e Marina do MST.

A deputada Marina do MST, que presidiu recentemente uma audiência pública na Alerj sobre a abertura de capital da companhia, protocolou um pedido de criação de uma comissão especial para acompanhar e fiscalizar o estudo que vem sendo conduzido pela Cedae, por meio da Casa Civil.

O contrato, firmado com o consórcio Hidro Rio, tem valor de R$ 18,7 milhões e prevê a realização de estudos técnicos para subsidiar a abertura de capital da empresa. Além da remuneração pelo estudo, o consórcio vencedor também receberá um percentual sobre a eventual operação de venda da Cedae, caso o processo de abertura de capital se concretize.

“Fizemos o pedido da formação de uma comissão especial para estudar, para acompanhar, para fiscalizar e para cobrar transparência do governo estadual. E nós esperamos e estamos junto com essas organizações, pressionando a presidência da Alerj para que paute a criação dessa comissão especial. Queremos os movimentos sociais junto com esse grupo de parlamentares acompanhando e fiscalizando, para que a sociedade saiba o que está acontecendo. Não adianta usar palavras diferentes para esconder o verdadeiro processo que está em curso, de privatização da CEDAE”, disse a deputada Marina do MST.

Outro ponto que motivou o protesto foi a recente negociação bilionária entre a Cedae e a Águas do Rio. Na segunda-feira da semana passada, a Cedae havia se posicionado contra o pagamento de uma cobrança bilionária da concessionária, alegando erros no edital de concessão do saneamento. No entanto, apenas quatro dias depois, a companhia mudou de posição e aceitou fechar um acordo para pagar R$ 900 milhões à empresa privada.

A Águas do Rio afirma ter R$ 1,4 bilhão a receber para ampliar a cobertura de esgotamento sanitário no estado, alegando que a Cedae teria apresentado dados incorretos sobre os índices de saneamento dos municípios. O edital de concessão previa que a diferença entre os números informados e os dados reais não poderia ultrapassar 18,5%.

Gratificação Faroeste e venda de imóveis públicos

Os manifestantes também protestaram contra a alienação em larga escala de imóveis públicos — prevista no PLC 40/2025 — que coloca em risco políticas de habitação, cultura e assistência social ao ameaçar moradias populares, equipamentos públicos e espaços culturais.

Também esteve no centro das críticas a atual política de segurança pública, marcada pela retomada de incentivos como a chamada “Gratificação Faroeste” e por práticas que aprofundam a lógica repressiva nos territórios populares, com graves impactos sociais e humanitários.

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